Iniciativa das duas instituições culturais, junto com movimentos e outras iniciativas da região central de São Paulo, propõe discutir o acesso universal, a democratização da cultura e o fomento à diversidade e a promoção da inclusão social
Com o objetivo de promover o acesso à cultura como direito humano, Museu da Língua Portuguesa e Sesc São Paulo realizam, de 28 a 30 de agosto, a segunda edição do Festival Pop Rua – População em Situação de Rua e o Direito à Cultura. Construído ao longo dos últimos meses em cocriação com movimentos sociais, instituições culturais, coletivos, artistas e agentes que atuam na região central de São Paulo, o Festival terá uma programação diversificada de apresentações artísticas, cortejos, cinema, oficinas, vivências e rodas de conversa. Consolidando a proposta iniciada na primeira edição, a maior parte dos artistas e pessoas que se apresentam durante o Festival têm atuação no território e estão ou estiveram em situação de rua.
O Festival, que em sua primeira edição (2023) registrou a participação de mais de 10 mil pessoas nos três dias de evento, ocupando o Museu da Língua Portuguesa e o Sesc Bom Retiro, nesta 2ª edição (2025), inclui o Parque Jardim da Luz como espaço para realização de atividades.
Para este ano o evento conta com a participação de voluntários e encontros preparatórios com formativas e de sensibilizações.
O Festival Pop Rua acontece em parceria criativa com Festival C’est pas du luxe, que realiza evento similar na cidade francesa de Avignon, e integra programação da Temporada França-Brasil 2025.
O evento tem apoio da Prefeitura de São Paulo e a participação de diversas outras instituições culturais, como EMESP Tom Jobim, Pinacoteca de São Paulo, Memorial da Resistência, Museu do Futebol, Biblioteca Mário de Andrade, Instituto Moreira Salles, Arquivo Histórico Municipal e Instituto Çarê, Cine Fluxo e o Motor Humano, entre outras.
“O acesso democratizado aos espaços coletivos integra uma das experiências de cidadania das mais estruturantes, por envolver relações territoriais, simbólicas e afetivas, ressaltando duas dimensões dos direitos humanos: o pertencimento às cidades e a partilha da cultura. Nas simetrias e assimetrias da cidade, desnaturalizar as origens das desigualdades, para atuar sobre elas de forma crítica e propositiva, precisa ser um princípio mobilizador. Nesse contexto, o Sesc afirma o valor da convivência comunitária, a dignidade do trabalho coletivo e criativo, e o respeito à vida como potências do humano”, afirma Luiz Galina, Diretor do Sesc São Paulo.
Já Renata Motta, diretora executiva do Museu da Língua Portuguesa, explica que “O Festival Pop Rua é uma ação construída coletivamente, a partir dos vínculos criados pelo Museu da Língua Portuguesa e pelo Sesc Bom Retiro no território central da cidade. É um movimento que transcende os muros institucionais, buscando democratizar o acesso à cultura e ressaltar a dignidade da população em situação de rua e, principalmente, um convite para a convivência e à reflexão”.
Programação do Festival
Pensado como um convite à convivência e ao diálogo, o Festival é aberto a todas as pessoas que desejem participar. No dia 28, as atividades começam com uma ação formativa para profissionais de cultura e agentes sociais no Sesc Bom Retiro; nos dias 29 e 30 uma intensa programação cultural ocupa os espaços do Museu da Língua Portuguesa e do Parque Jardim da Luz.
Ao longo de três dias de evento, diversas instituições irão se unir para promover atividades com e para pessoas em situação de rua.
Encontros Formativos
No dia 28 de agosto, das 10h às 17h, a programação se inicia com o encontro formativo Tecendo Redes: Rua, Cultura e Cidadani, voltado a profissionais de cultura e agentes sociais no Sesc Bom Retiro, com participação mediante inscrição prévia no portal Sesc SP e no app Credencial Sesc SP. O objetivo é formar trabalhadoras e trabalhadores do setor para práticas éticas, criativas, emancipatórias e antirracistas de atuação com a população em situação de rua, tendo a arte como dispositivo de cuidado, valorização e direito.
Além das ações formativas que vão ocorrer durante o Festival Pop Rua e estão na base do festival, também aconteceram preparatórias ao evento, com oficinas de sensibilização para o público em geral e formação de voluntários de forma presencial e on-line no Museu da Língua Portuguesa. Com essas ações, o Festival Pop Rua tem o objetivo de promover mudanças mais duradouras na forma como os profissionais da cultura e população lidam com o tema direito à cultura das populações em situação de vulnerabilização.
Apresentações
Nos dias 29 e 30 as atividades ocorrem, entre 10h e 20h, em vários espaços do Museu da Língua Portuguesa e no Jardim Parque da Luz, que serão transformados em espaços de convivência, escuta e partilha entre instituições culturais e coletivos artísticos que desenvolvem ações com a população em situação de rua. Haverá rodas de conversa, sarau com microfone aberto e intervenções artísticas.
O festival contará com a “Boca de rango” no Museu da Língua Portuguesa – um refeitório coletivo com distribuição gratuita de refeições no almoço e no jantar, preparadas pelo projeto Pão do Povo da Rua. No Jardim Parque da Luz, haverá rodas de conversa, tendas para oficinas realizadas por equipamentos e coletivos, palco de troca de experiências de instituições culturais, cortejos e desfile da nova coleção do Coletivo Tem Sentimento, que trabalha na região da Luz promovendo a moda como ferramenta de inclusão.
O palco musical do evento ficará no Pátio B do Museu da Língua Portuguesa, com apresentações de Pagode na Lata, Samba do Bule, Nego Bala, Bonde da Boca do Lixo, Cidadãos Cantantes, além de músicos da EMESP Tom Jobim em um cortejo em homenagem a Adoniran Barbosa. No mesmo local, ocorrerá também a Feira Luz Criativa, com venda de produtos de pessoas e instituições ligadas aos movimentos de pessoas em situação de rua e instituições com atuação no território. No auditório, haverá sessões gratuitas de cinema.
Na sexta-feira, 29 de agosto, a entrada ao Museu da Língua Portuguesa para visitar as suas exposições também será gratuita para todos os públicos, assim como no sábado, 30. Além disso, o seu horário de funcionamento será estendido nos dois dias, com a bilheteria sendo fechada às 18h, com o público podendo ficar dentro do Museu até as 19h.
Encerramento – Temporada França-Brasil 2025
O encerramento no dia 30 é fruto da colaboração entre os Festivais Pop Rua (Brasil) e C’est pas du luxe (França). A partir de intercâmbio de experiências, a artista francesa Marinette Dozeville e o artista brasileiro Morris, que atuam respectivamente com as linguagens da dança e da música, coordenarão o desfile do Bloco Nós Somos, resultado de oficinas com pessoas participantes das atividades da Unidade de Formação e Capacitação da População em Situação de Rua. Acreditando que a festa e a alegria são importantes ferramentas de transformação social, o Bloco é um convite para que o público venha celebrar os encontros e a convivência promovidos pela arte e pela cultura.
Haverá ainda a exibição de uma projeção mapeada na fachada da Estação da Luz, sede do Museu da Língua Portuguesa. O trabalho é o resultado da residência artística Encontros Dissidentes, comandada pelo Coletivo Coletores, da qual participaram 17 pessoas de diversas partes de São Paulo.
SERVIÇO
Festival Pop Rua
População em Situação de Rua e Direito à Cultura
Quinta a sábado, 28 a 30 de agosto.
No Sesc Bom Retiro, Museu da Língua Portuguesa e Parque Jardim da Luz
Programação completa em www.sescsp.org.br/festivalpoprua
