Nhe’ẽ Porã: memória e transformação | Paris

A exposição Nhe’ẽ Porã: memória e transformação chega a Paris para uma curta temporada no Hall Ségur da sede da UNESCO, entre 14 e 26 de março de 2024. A mostra, originalmente montada no Museu da Língua Portuguesa destaca a diversidade das línguas e as histórias de resistência dos povos indígenas no Brasil.  

Com curadoria da artista indígena e mestre em Direitos Humanos Daiara Tukano, a exposição Nhe’ẽ Porã: memória e transformação marcou o início das celebrações da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) no Brasil, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e coordenada pela UNESCO em todo o mundo.  

A mostra em Paris conta com patrocínio do Instituto Guimarães Rosa, do Ministério das Relações Exteriores, e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Tem articulação e patrocínio do Instituto Cultural Vale e cooperação da UNESCO. Nhe’ẽ Porã: memória e transformação é realizada pelo Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo. 

Além da exposição, acontecerá o evento Línguas Indígenas da América do Sul: memória e transformação no prestigioso Collège de France, no dia 15 de março. O ciclo de debates é organizado pelo Laboratoire d’Anthropologie Sociale (LAS), Collège de France, e pelo Museu da Língua Portuguesa, com patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), da Embaixada da França no Brasil, da Comissão Francesa para a UNESCO e do Instituto Cultural Vale. Conta, ainda, com o apoio do Museu de Arqueologia e Etnografia da Universidade de São Paulo (USP) e da Embaixada do Brasil na França.

Nhe’ẽ Porã: memória e transformação propõe um mergulho na história, memória e realidade atual das línguas dos povos indígenas do Brasil. A exposição busca mostrar outros pontos de vista sobre os territórios materiais e imateriais, histórias, memórias e identidades desses povos, trazendo à tona suas trajetórias de luta e resistência, assim como os cantos e encantos de suas culturas.     

O título da exposição vem da língua Guarani Mbya: nhe’ẽ significa espírito, sopro, vida, palavra, fala; e porã quer dizer belo, bom. Juntos, os dois vocábulos significam “belas palavras”, “boas palavras” – ou seja, palavras sagradas que dão vida à experiência humana na terra.     

O projeto contou com a participação de cerca de 50 profissionais indígenas, entre artistas plásticos, cineastas, acadêmicos, educadores e influenciadores digitais. Além da curadoria de Daiara Tukano, tem cocuradoria da antropóloga Majoí Gongora; consultoria especial de Luciana Storto, linguista especialista no estudo de línguas indígenas; em diálogo com a curadora especial do Museu da Língua Portuguesa, Isa Grinspum Ferraz. 

Para ocupar o Hall Ségur, foi pensado um recorte especial da exposição original, com destaque para obras e pesquisas realizadas exclusivamente para a mostra. Na entrada da exposição, os visitantes vão passar por uma instalação composta por árvores, desenhadas por Daiara Tukano e feitas de tecido, que representam as grandes famílias linguísticas faladas pelos povos indígenas no Brasil, podendo ouvir registros sonoros de línguas das famílias Tupi, Macro-Jê, Pano, Aruak, Karib e Tukano e das línguas isoladas Arutani e Yaathe.  

O mapa Terra de muitos cantos – famílias linguísticas originárias das Américas ilustra o continente americano de uma forma incomum, de cabeça para baixo, destacando, portanto, a América do Sul. O mapa apresenta a localização das centenas de línguas faladas até hoje na região. A obra foi produzida especialmente para a exposição a partir do cruzamento de várias fontes de pesquisa sobre línguas indígenas na região. 

A instalação visual Chuva de Palavras – projeção de um poema de Daiara Tukano traduzido para várias línguas indígenas, com vídeo mapping desenvolvido pelo Estúdio Bijari – também estará presente. 

Haverá a exibição da animação Resistência Indígena, também de autoria da curadora em parceria com Estúdio Bijari, que denuncia o impacto da colonização no Brasil desde 1500 sobre as línguas originárias. A obra associa os conflitos e perseguições sofridos pelos povos indígenas com o desaparecimento de suas línguas, até os dias de hoje, em que restaram 175 ainda faladas no Brasil.   

O espaço apresentará, ainda, a obra audiovisual Marcha dos Povos Indígenas, sob direção do cineasta Kamikia Kisêdjê, e uma linha do tempo que traz à tona históricos de contato, violência e conflito decorrentes da invasão dos territórios indígenas desde o século 16 até a contemporaneidade. A linha do tempo também ressalta as transformações das línguas indígenas, destacando a resiliência, a riqueza e a multiplicidade das formas de expressão dos povos indígenas. 

Uma experiência interativa com a versão virtual de Nhe’ẽ Porã: memória e transformação, conforme montada em São Paulo, estará disponível no Hall Ségur para o público conhecer mais sobre a exposição original, que ficou em cartaz de outubro de 2022 a abril de 2023, no Museu da Língua Portuguesa, atraindo mais de 189.000 visitantes.  

O colóquio no Collège de France 

A passagem da exposição pela França será associada ao colóquio internacional Línguas indígenas da América do Sul: memória e transformação, a ser realizado no dia 15 de março no Collège de France, uma das mais importantes instituições de pesquisa da França. O encontro é organizado pelo Museu da Língua Portuguesa, a USP e o Laboratório de Antropologia Social (LAS) do Collège de France, com parceria da FAPESP e presença do presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago.

Das 9h às 18h, pesquisadores e interessados no tema línguas indígenas poderão participar de mesas redondas com a presença de Daiara Tukano;  de Altaci Rubim Corrêa Kokama e Joziléia Kaingang, integrantes  da delegação do Ministério dos Povos Indígenas; de Fernanda Kaingang, diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas; de Mairu Hakuwi Kuady, pós-graduando em Direitos do povo Karajá; de Clarisse Taulewali da Silva, artista do povo Kali’na e representante da Jeunesse Autochtone de Guyane (JAG); de Phillipe Descola, professor emérito do Collège de France e um dos principais nomes da antropologia da sua geração; além de renomados antropólogos do LAS e outras universidades francesas como Andrea-Luz Gutierrez-Choquevilca, Pierre Déléage, Emmanuel de Vienne, Cédric Yvinec e Capuciine Boidin; e Majoí Gongora e Luciana Storto, pesquisadoras da Universidade de São Paulo.  

 O evento será aberto e gratuito a todos os públicos, sem a necessidade de inscrição prévia, sujeito à lotação da sala onde ocorrerão as mesas redondas. 

 

 

Curiosidades

Durante a exposição em Paris acontece a reunião do Conselho Executivo da UNESCO, que reunirá representantes de 58 Estados-membros e 195 observadores de todo o mundo.
Mais de 80 pássaros de madeira desenhados pela curadora Daiara Tukano fazem parte da mostra
A sede da UNESCO em Paris fica pertinho da Torre Eiffel
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