Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação | Rio de Janeiro

"“Língua é pensamento, língua é espírito, língua é uma forma de ver o mundo e apreciar a vida""

(Daiara Tukano (curadora))

Realizada pelo Museu da Língua Portuguesa, a versão carioca da mostra que passou por Paris e Belém, tem novidades e obras de 50 profissionais indígenas, entre pesquisadores, acadêmicos e artistas e comunicadores.

“Nhe’ẽ Porã: memória e transformação” estreia no Museu de Arte do Rio (MAR) no dia 19 de abril de 2024 apresentando as belezas das línguas indígenas do Brasil.  Realizada pelo Museu da Língua Portuguesa, a mostra ocupa uma das salas do primeiro andar da instituição até 14 de julho, reunindo objetos etnográficos, arqueológicos, instalações audiovisuais e obras de arte. A curadoria é da artista indígena e mestre em Direitos Humanos Daiara Tukano e da antropóloga Majoí Gongora. A mostra é uma realização do Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo, com articulação e patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).

A proposta é oferecer um mergulho na história, memória e realidade atual das línguas dos povos indígenas no Brasil, mostrando, segundo a curadoria, outros pontos de vista sobre os territórios materiais, imateriais, e identidades desses povos, trazendo à tona suas trajetórias de luta e resistência, assim como os cantos e encantos de suas culturas. A versão carioca da exposição tem novidades: peças do acervo do Museu Nacional dos Povos Indígenas da Funai e do próprio MAR, equipamento que integra a rede de museus da Secretaria Municipal de Cultura do Rio .  

Pertencente ao Museu Nacional dos Povos Indígenas, vem uma peça de cerâmica utilizada para servir caxiri (bebida fermentada à base de mandioca) do povo Tukano, além de tembetás de madeira e quartzo do povo Parakaña (peças colocadas sob os lábios) e botoques dos povos Xikrin e Tapayuna (tipo de adorno usado para alargar o lábio inferior). Destaque também para um conjunto de peças do povo Tukano, entre elas um tambor e objetos cerimoniais. Também estarão à mostra cinco obras da coleção do MAR. 

“Língua é pensamento, língua é espírito, língua é uma forma de ver o mundo e apreciar a vida”. É assim que a curadora Daiara Tukano descreve o ponto de partida de “Nhe’ẽ Porã: memória e transformação”, que também tem apoio da Unesco, no contexto da Década Internacional das Línguas Indígenas, em parceria com o Instituto Socioambiental, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP) e do Museu Paraense Emílio Goeldi.  

A imersão começa no próprio nome da mostra, que vem da língua Guarani Mbya. Cerca de 50 profissionais indígenas, entre pesquisadores, acadêmicos e artistas e comunicadores, participaram do projeto, que tem consultoria especial de Luciana Storto, linguista especialista no estudo de línguas indígenas, em diálogo com a curadora especial do Museu da Língua Portuguesa, Isa Grinspum Ferraz. Obras de nomes como Paulo Desana, Denilson Baniwa, Kamikia Kisêdjê e Jaider Esbell integram a coleção.  

Uma das principais missões do Museu de Arte do Rio, enquanto equipamento da Prefeitura do Rio, é promover a salvaguarda da memória. “Receber a itinerância da exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação comprova o objetivo do MAR de ser um espaço onde reverenciamos o passado, acreditamos no presente e projetamos o futuro através da cultura. A mostra, que tem o objetivo de dar visibilidade e fazer ecoar as cerca de 175 línguas e culturas indígenas que resistem no Brasil, chega ao Rio de Janeiro com a força da ancestralidade dos povos originários. Acreditamos que a exposição pode e deve reverberar no público um entendimento, respeito e celebração à história do nosso país”, afirma Leonardo Barchini, diretor da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), que faz a gestão do MAR. 

Nhe’ẽ Porã é uma exposição necessária e urgente. Ela possibilita, àqueles que a visitam, aprofundar-se no universo dos povos originários brasileiros: são mais de 267 povos, falantes de mais de 150 línguas diferentes. Ao articularmos e apoiarmos a realização da exposição junto ao Museu da Língua Portuguesa e à Unesco contribuímos para significar ainda mais a Década Internacional das Línguas Indígenas. A itinerância de Nhe’ẽ Porã dá sequência ao movimento de circulação da exposição em 2024, possibilitando que mais pessoas conheçam sobre os povos originários e, assim, reflitam sobre diferentes formas de criar, viver e conviver”, diz o diretor presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto. 

“Depois de Belém, onde continua em cartaz, e de passar por Paris, uma versão da exposição Nhe’ẽ Porã segue sua itinerância pelo Brasil, agora no Museu de Arte do Rio. As itinerâncias possibilitam que mais gente tenha acesso à diversidade e à urgência de preservação de mais de uma centena de línguas indígenas faladas ainda hoje no Brasil. O projeto celebra a Década Internacional das Línguas Indígenas, promovida pela Unesco, e destaca a perspectiva multilíngue do território brasileiro, focando também na influência dos povos originários no português do Brasil”, afirma Renata Motta, diretora executiva do Museu da Língua Portuguesa. 

Curiosidades

A exposição no Rio incorporou acervos do Museu Nacional dos Povos Indígenas, da Funai, e do MAR
"Nhe’ẽ" significa espírito, sopro, vida, palavra, fala. "Porã" é belo, bom. Juntas, as duas palavras significam “belas palavras”
Um "rio" de palavras atravessa toda a exposição com texto em português e em línguas indígenas
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